Operação Gota D'Água

Operação Gota D’Água III – junte-se!

A equipe Gota D’Água organiza os preparativos para a terceira ação que levará garrafas de água mineral a comunidades do semiárido baiano. A iniciativa aceita doações até o próximo dia 20 de setembro para a viagem que tem previsão de ocorrer no início de outubro (data a ser divulgada nas nossas redes online).

Seja solidário e junte-se a nós. As doações podem ser feitas nos locais indicados no cartaz abaixo. Para mais informações acesse: https://www.facebook.com/OperacaoGotaDagua ou envie email para mecaorga@hotmail.com.

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Rotas da operação gota d’água

Por Gilberto Rios

Junto com Luís Alberto Ferreira, idealizador da Operação gota D’água, os camaráguas puderam sair para distribuir toda a água que recolheram em dezembro do ano passado. Na primeira viagem, levaram sua ajuda para os municípios de Nova Fátima e Capim Grosso (distantes da capital baiana 220 e272 quilômetros, respectivamente). São quase mil quilômetros rodados para levar água a essas cidades do semiárido baiano.

“Nesses locais, as pessoas pareciam desconfiadas, mas, depois de uma conversa, quando percebem a nossa intenção, por mais modesta que ela seja, acolhem-nos bem”, conta Luís, quem continua: “Outro momento crucial foi quando uma senhora a quem beijei a mão disse-me que aquele ato de matar a sede ia além da água e então beijou a minha mão”.

Família do sertão baiano recebendo água da Operação Gota D'água / Créditos: Wilson Ribeiro.

Família do sertão baiano recebendo água da Operação Gota D’água / Créditos: Wilson Ribeiro.

Na segunda viagem, em fevereiro deste ano,os municípios destino do caminhão eram ainda mais carentes. Eles fazem parte da área conhecida como “triângulo da miséria”, onde a seca se une a condições socioeconômicas ainda mais precárias que a média da região.

No município de Mirante (471km afastado da capital e, segundo o IBGE/2005, cidade com o PIB mais baixo da Bahia), a entrega contou com reforços.“A segunda operação foi definitivamente a mais marcante. Mais água e merendas. O mestre do quadrinho nacional, AntônioCedraz, doou-nos 1.250 exemplares da revista da Turma do Xaxado”, relembra Luis.

Para continuar com as ações, entretanto, Luis e os demais camaráguas precisam saber que contam com ajuda de outros voluntários. O projeto já se prepara para a terceira empreitada e os interessados podem entrar em contato com Luís pelo e-mail mecaorga@hotmail.com ou pela página do Operação Gota D’água no Facebook.

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“Não se combate um fenômeno natural, apenas se criam mecanismos para se sobreviver a ele”

“Não se combate um fenômeno natural, apenas se criam mecanismos para se sobreviver a ele”

Por Gilberto Rios

Luís Alberto Ferreira foi um dos idealizadores do Operação Gota D’água e também é o nome que divulga o projeto. Ele próprio criou e movimenta uma página no Facebook para contar todos os passos da ação e sempre faz questão de especificar o nome de cada um dos colaboradores. Demarcando o percurso da operação, Luis conta como foi possível arrecadar dez mil litros de água em dois meses e leva-los para famílias do interior baiano. 

ID 126 – Em que momento você foi sensibilizado com a causa e decidiu fazer algo?

Luís Alberto Ferreira – Em se tratando da ajuda aos habitantes do semiárido, há mais de dez anos que almejava contribuir de alguma forma para minimizar a situação desses que sofrem com a seca. Sonhava em combater a seca, mas pensava ingenuamente. Com estudos mais aprofundados sobre a questão, entendi que não se combate um fenômeno natural, apenas se criam mecanismos para se sobreviver a ele. No Brasil, parece cômodo tratar períodos de seca como uma surpresa, quando a ciência já prevê tais situações de estiagem. Em 2012, efetivamente surge o GOTA DÁGUA – Ação Social e assim começa o intenso trabalho de arrecadação de água. Vale salientar que nossa logomarca foi criada por Hector Salas, publicitário e cartunista responsável pelo desenho que é símbolo oficial do Carnaval da Bahia.

Luís alberto Ferreira, idealizador do projeto, repassa garrafas d'água para distribuição / Crédito: Wilson Ribeiro.

Luís Alberto Ferreira, idealizador do projeto, repassa garrafas d’água para distribuição / Crédito: Wilson Ribeiro.

 

ID 126 – Houve, desde o início, algum incentivo? Tentaram parceria com algum órgão público ou empresas privadas?

Luís Alberto Ferreira – Na verdade, a ideia foi desenvolvida com RODRIGO MARQUES, professor de História e Sargento do Exército. Simplesmente, pedimos. Escolas, cursos, pessoas conhecidas, a quem nos descobriu. Pedimos. E na primeira ação conseguimos uma boa quantidade. O suficiente para encher um caminhão baú. Não há parcerias, há ajudas. Não somos ONG, não temos afiliação política, nem crença ou religião. Isso não nos faz ateus (nada contra estes), porque oramos a cada missão, tanto na ida, quanto na volta.

ID 126 – Quem foram os colaboradores?

Luís Alberto Ferreira – Colégios, como Análise, Lince, Antônio Vieira, Colégio da Polícia Militar, SENAI-Cimatec; cursos pré-vestibulares, como Central do Vestibular, DNA Pré-vestibular de São Francisco do Conde; Royal Bank of Canada; SEMEIA (Estudantes de Biologia/UCSal); cidadãos em geral.

ID 126 – Quantos litros de água foram recolhidos e como foi o processo até conseguir levar a primeira remessa?

Luís Alberto Ferreira – Difícil precisar. Mais de 10.000 litros de água mineral, acondicionadas em garrafas de plástico, devidamente lacradas. Entrávamos em contato ou entravam em contato, nós íamos até o local e buscávamos o material. Guardávamos no depósito da Faculdade Metodista, situada na Mouraria, Centro. Praticamente, eu e o RODRIGO, fazíamos essa coleta a todo momento, escapando do trabalho quando podíamos. Foi um exercício árduo, mas sempre gratificante.

ID 126 – Você pode descrever (brevemente, se preferir) a PRIMEIRA viagem? A cidade e o momento da entrega das garrafas de água nela… Como estavam as pessoas? Houve alguém que tivesse lhe emocionado mais?

Luís Alberto Ferreira – Em junho de 2012, ocorreu a primeira Operação Gota Dágua. Os municípios de Nova Fátima e Capim Grosso foram nosso objetivo de doação. Nesses locais, as pessoas pareciam desconfiadas, mas, depois de uma conversa, quando percebem a nossa intenção, por mais modesta que ela seja, acolhem-nos bem. A alegria toma conta dos voluntários (“camaráguas”) que exercem a atividade fraterna com muita disposição e ímpeto solidário. No povoado de Caiçara, um voluntário, no final da tarde, informou-nos que era seu aniversário e que seu maior presente era estar ali, fazendo parte da operação. Cantamos “Parabéns pra vc” no meio da rua. Outro momento crucial foi quando uma senhora a quem beijei a mão disse-me que aquele ato de matar a sede ia além da água e então beijou a minha mão. Senti-me impotente ali, brinquei com aquela anciã tão doce e me afastei conseguindo disfarçar muito bem a minha emoção.

ID 126 – Você sente que aconteceu alguma diferença entre a mobilização da primeira entrega e a da segunda? Teve mais gente participando? A equipe inteira se manteve?

Luís Alberto Ferreira – A segunda operação foi definitivamente a mais marcante. Mais água e merendas. O mestre do quadrinho nacional, LUIZ ANTONIO CEDRAZ, doou-nos 1.250 (mil, duzentos e cinquenta) exemplares da revista da Turma do Xaxado. O caminhão truck da empresa RAFER Transportes foi conduzido por ALEX, um motorista que se tornou ativista convicto da segunda operação. Como havia poucos veículos de suporte, revezamos a equipe, mas quase todos estavam no dia da arrumação do caminhão para a viagem, o que ocorreu por volta da meia-noite, do dia 22 de fevereiro. Entendemos que, embora o caminhão tenha sido muito difícil de conseguir na segunda operação, esta última foi mais organizada.

ID 126 – Agora peço que me responda as mesmas questões da sexta pergunta, mas falando sobre a SEGUNDA viagem. O que há de diferente desta vez?

Luís Alberto Ferreira – A Operação Gota D’água II deslocou-se para Mirante-BA (pior PIB do Brasil, fonte do IBGE 2005). Esse município faz parte do “Triângulo da Miséria” juntamente com os municípios de Bom Jesus da Serra e Caetanos. A seca nesse local ainda castiga a população. O caminhão truck da Rafer Transportes levou bem mais de10.000 litros de água. Foram treze voluntários. O secretário da Administração da prefeitura recebeu-nos no local, pois eu, por telefone, já havia entrado em contato com a prefeitura pedindo informações sobre a seca na região e também solicitei a possibilidade de uma sala de colégio para dormirmos à base de colchonetes, o que não ocorreu, pois nos foram providenciadas refeições e estada numa pousada. A missão avançou pela noite, no meio da zona rural em plena escuridão. O motorista Alex merece destaque por trabalhar como se voluntário fosse. Tornou-se ali um camarágua. Comoveu-me quando a água acabou e ele se queixava de não termos mais água para abastecer mais casas. Mexeu comigo quando um senhor trouxe água barrenta num copo de vidro para mostrar que isso lá no povoado de Melancieira (Mirante-BA) era “a água de beber” e “nós só faz frevê ela!”

Seria injusto não citar o FESTIVAL DA CRIANÇA, em São Francisco do Conde-BA, e o PRIMEIRO AULÃO DE RITMOS DO GOTA DÁGUA (Salvador-BA), realizados respectivamente pelas camaráguas TÂNIA CÁSSIA e THAIANA RAMOS, para arrecadar água. Sucesso total. Ainda houve um aulão especial na UNEB, promovido pelo professor de História, WILSON, que juntou quantidade significativa de água.

ID 126 – Já existe mobilização para a terceira viagem?

Luís Alberto Ferreira – A Operação Gota Dágua parou para descansar, visto que a consecução da segunda operação nos desgastou deveras. Em abril, nova mobilização, após pesquisas e buscas de informações, terá início. Em nossa mente, almejamos realizar eventos que dão muito certo e envolvem participação direta da comunidade, a fim de arrecadar mais água. Pensamos ainda em outros serviços de utilidade pública. O GOTA DÁGUA adora voluntários e quem quiser fazer parte disso basta enviar um e-mail para mim, demonstrando intenção. Meu e-mail é mecaorga@hotmail.com.

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Rotas da Operação Gota D’água

Fonte: Impressão Digital 126

Operação Gota D’água distribui água a famílias no semiárido baiano

Por Gilberto Rios

Uma vez, José Saramago versou que a esperança é como o sal, não alimenta, mas dá sabor ao pão. Com esse gosto é que um grupo mobiliza pessoas para reduzir os danos da seca no semiárido baiano, levando água a famílias em situação de maior necessidade. Intitulado Operação Gota D’água, o projeto já prepara a sua terceira edição após ter passado pelas cidades baianas de Capim Grosso, Mirantes e Nova Fátima.

Foto: Edvan Lessa.

Foto: Edvan Lessa.

“Quem se importa com a água? Eu me importo”, estampa o fundo da camisa de Luís Alberto Ferreira, que chega empoleirado no fundo de um caminhão antigo junto com outros treze homens e mulheres, tendo que se apertar com os dez mil litros de água mineral em garrafas de um litro e meio ou tonéis de dez litros.Luís é professor de Português e Literatura em pré-vestibulares e um dos idealizadores da Operação Gota D’água, criada em 2012, quando a seca no semiárido baiano atingia o momento mais crítico dos últimos 30 anos, de acordo com a Secretaria Nacional de Agricultura.

“Sonhava em combater a seca, mas pensava ingenuamente. Não combatemos um fenômeno natural, apenas criamos mecanismos para sobreviver a ele”, diz quando começa a justificar o motivo do projeto. Sem nenhum patrocínio de órgãos públicos ou empresas, a ação se mantém apenas pela solidariedade com a causa: “Não há parcerias, há ajudas. Não somos ONG, não temos afiliação política, nem crença ou religião”, explica.

Camaráguas – Foi no trabalho de Luís que chegaram as primeiras contribuições e também lá apareceram os primeiros voluntários, os “camaráguas”. Um deles foi sua aluna Francisleide Santos, que ajudou na arrecadação de água. De porta em porta, ela levava uma carro-de-mão para conseguir carregar as doações.

“O montante de água arrecadada foi grande(meio caminhão baú) e precisamos de um caminhão baú pequeno para transportar toda a água arrecadada até o quartel da Mouraria”. Não satisfeita, ela e outros camaráguas organizaram um evento infantil que conseguiu levantar dinheiro o suficiente para financiar ainda mais água. “Deu muito certo e o dinheiro arrecadado foi comprado todo de água mineral diretamente na fábrica”, comemora.

No mesmo ritmo, Edvan Lessa, estudante de Jornalismo da Universidade Federal da Bahia, conheceu Luís através de sua tia. “Tornei-me operário, mobilizei alguns colegas, e tudo aconteceu”, explica. “Consegui alguns litros de amigos da faculdade e tive que levá-los, dentro de bolsas, para o ponto de coleta inicial, que era a Central Pré-Vestibular, no bairro de Nazaré. Saí da Paralela para a faculdade com alguns litros e, de lá, para a central de distribuição”.

Edvan fala sobre a estranheza na hora de entregar o fruto de seu esforço: “AOperação Gota D’Água, acredito eu, foi mais assustadora para os sertanejos do que a seca. Ela é previsível. Ninguém espera, porém, que pessoas comuns sensibilizem parentes, amigos, conhecidos e ‘‘estranhos’’ e, com recursos próprios, bata à sua porta para doar alguns litros de água”.

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Fonte: Impressão Digital 126

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